Sob uma ótica psicanalítica, os Beefriends tiveram um encontro com Luciana Falcão para falar sobre autocuidado, relacionamentos e comunicação no trabalho. Para a profissional, estes três aspectos devem ser compreendidos como interligados e levados à consciência de forma consistente, pois, na maior parte das vezes, apenas reproduzimos (ou rejeitamos) aquilo que nos foi ensinado desde a infância.
Autocuidado: Os Quatro Pilares Fundamentais
Ao contrário do que popularmente se pensa, o autocuidado engloba a percepção sobre quatro pilares fundamentais: físico, emocional, mental e social. O primeiro – não associado a uma padronização estética – requer um cuidado contínuo com a forma como nos alimentamos e nos exercitamos, dentro do possível. Se temos energia e bem-estar para lidar com as questões rotineiras, temos condições para trabalhar os outros três.
Autoconhecimento e Autocompaixão
Perceber-se como alguém sujeito a falhas e que precisa de ajuda em certos momentos evita uma autocobrança prejudicial ao indivíduo, um ideal de perfeição inexistente. Ter fraquezas é normal. Contudo, é importante também um senso de responsabilidade a respeito daquilo que se sente e se vive. Por isso, estar em busca do autoconhecimento é uma maneira de encarar as próprias emoções e saber como gerenciá-las da melhor maneira possível. Embora possa haver pressão externa em razão de demandas, prazos e compromissos, Luciana pontua que a pressão interna é uma das catalisadoras do sofrimento psíquico. Nesse sentido, exercer o perdão consigo mesmo também faz parte do processo, já que a culpa é um dos sentimentos mais frequentemente enfrentados no mundo atual.
Espairecimento Mental: A Importância dos Hobbies
Já o espairecimento mental necessita da inclusão de atividades que possam retirar as pessoas de suas zonas de conflito, a exemplo de filmes, séries, livros… Estar em contato com hobbies permite com que reduzamos os níveis de estresse e melhoremos nossas capacidades cognitivas. Isso tudo de um modo subjetivo, atrelado aos nossos gostos e interesses pessoais, funcionando como uma válvula de escape da realidade concreta.
Relacionamentos e Comunicação no Trabalho
Alinhando os pontos anteriores, por sermos seres relacionáveis, a socialização é primordial. Estabelecer vínculos – sejam eles com familiares, amigos, parceiros ou pares – implica em um afastamento da solidão, que não deve ser confundida com a solitude básica, relembra a psicanalista. Além disso, independentemente da configuração da relação, a comunicação aberta e transparente deve ser posta em prática. Dizer com cuidado, inclusive o óbvio, e questionar o que foi dito, abrir-se ao esclarecimento de possíveis divergências (ou visões distorcidas) pode facilitar a compreensão e o suporte entre os envolvidos.
No dinamismo do ambiente corporativo, a escuta também cumpre um papel de grande relevância: saber ouvir seus colegas considerando o fato de que eles carregam bagagens e experiências e ter noção de que é possível que você esteja contribuindo para determinadas insatisfações ou dificuldades, consciente ou inconscientemente. Mulheres em posições de liderança, por exemplo, tendem a enfrentar barreiras únicas em suas jornadas, incluindo a discriminação de gênero, a falta de apoio para lidar com a vida pessoal e a profissional simultaneamente (jornadas duplas ou até triplas), as expectativas diferenciadas.
Então, investir nos lados inter e intrapessoal é uma obrigação de todos. Quanto mais saudáveis estivermos internamente, mais saudáveis estaremos para nos relacionar com os outros. Porém, cabe salientar que não há uma constância nesse desenvolvimento, pois ele não é linear.